terça-feira, setembro 09, 2014

AS AVENTURAS MUSICAIS PELA ESPANHA DO INCANSÁVEL CALIFORNIANO STEVE WYNN


Steve Wynn é um losangeleño da gema, que sempre foi fascinado pelos novaiorquinos do Velvet Underground.

Tanto que, na hora de batizar o que viria a ser a banda de sua vida, ele escolheu o nome de um projeto musical bem antigo do velvet John Cale: The Dream Syndicate.

O nome trouxe sorte, e o Dream Syndicate brilhou forte na cena Paisley Underground -- um pouco mais intensamente que outras bandas contemporâneas em Los Angeles como as Bangles, os Long Ryders, o Rain Parade e o Green On Red.

Entre 1982 e 1989, The Dream Syndicate gravou uma série de discos muito densos e muito festejados na cena alternativa.

Seu disco de estréia, "The Days Of Wine And Roses", já é tido como um clássico, e fez deles uma das bandas influentes dos Anos 80, deixando suas marcas em grupos tão díspares quanto The Black Crowes e The Killers.

Verdade seja dita: desde The Doors uma banda não mergulhava tão fundo no imaginário psicodélico sombrio da cidade.



Mas então, depois de sete LPs muito bons, The Dream Syndicate começou a passar por turbulências internas e dar sinais claros de esgotamento criativo.

E o sempre inquieto e desgarrado Steve Wynn ao invés de esperar pelo pior, dissolveu a banda e partiu logo para uma carreira solo.

Uma carreira solo tão aventuresca em termos musicais quanto bem sucedida comercialmente, diga-se de passagem.

Desde 1990, Steve vem alternando discos solo bem elétricos, à moda de Neil Young, como "Kerosene Man" (1990) e "Dazzling Display" (1992), com trabalhos mais acústicos e reflexivos como "Fluorescent" (1994), sempre surpreendendo e contrariando as expectativas de seu público.

Mas o caso é que Steve Wynn adora fazer parte de bandas e, depois da dissolução do Dream Syndicate, nunca negou fogo sempre foi convidado a participar de alguma.

Tanto que, nesses últimos 25 anos, sempre nas férias de sua carreira solo, já embarcou em 3 bandas diferentes: Gutterball, Miracle 3 e Baseball Project.


Em 2000, durante uma excursão pela Europa ao lado do amigo Paco Loco e da banda Australian Crawl,  Steve acabou indo parar num estúdio de gravação em Andaluzia e gravou um disco ao lado dessa gente toda, chamado "Memento".

Esse disco, curiosamente, permaneceu inédito nos Estados Unidos, assim como um segundo chamado "Smack Dab", que ele e Paco gravaram em 2006 para uma gravadora espanhola.

Pois agora, agora a Omnivorous Records americana decidiu lançar os dois juntos num álbum só, chamado "Sketches Of Spain", e o resultado final é muito interessante.

Talvez por estar longe de casa, e liberto dos compromissos habituais de sua carreira solo, Steve Wynn ficou mais à vontade para fazer experiências musicais bem pouco ortodoxas, colocando sua voz encorpada sobre harmonias pop bem delicadas, só para ver se elas se sustentam em pé com tanto peso em cima delas.

O resultado é extremamente bem resolvido, ousado e divertido.

O caso é que "Sketches Of Spain" não é um disco fácil, e nem é endereçado a qualquer público.

É um trabalho extremamente honesto, concebido na estrada e gravado rapidamente, para que a essência dele não se perdesse numa gravação minuciosa e prolongada demais.

Corre à boca pequena que Steve e Paco acabam de gravar um terceiro disco juntos nos intervalos de sua recente Tournée de Verão pela Europa -- e quem ouviu as gravações afirma que a dobradinha dos dois nunca foi tão bem resolvida quanto agora.



2014 tem sido um ano está bem movimentado para Steve Wynn.

Começou com o lançamento de um belo disco ao vivo, bem folk, com releituras de suas canções favoritas de Bob Dylan.

Agora, chega este ótimos "Sketches Of Spain", e ainda este ano teremos o terceiro disco de Steve ao lado de seus comparsas do Baseball Project.

Como se tudo isso não bastasse, ele está saindo em tournée agora em Setembro com seus velhos comparsas do Dream Syndicate, para a alegria de seus velhos fãs -- e isso deve render, no mínimo, um DVD ao vivo.

Vida de artista independente é assim mesmo, bastante corrida.

Não existe na cena indie aquela manha de artista mainstream que grava um disco a cada três anos, alegando dificuldades para compor, trabalhando pouco.

Artista independente nunca para de fazer tournées, tem que ter disco novo todo ano para estar sempre em voga e ter sempre as portas abertas dos meios de divulgação sem ter que gastar fortunas em assessoria de imprensa e promoção.

Não é uma vida fácil.

Mas para gente inquieta como Steve Wynn é a única vida possível.



WEBSITE PESSOAL
http://stevewynn.net/

DISCOGRAFIA
http://www.allmusic.com/artist/steve-wynn-mn0000040969/discography

AMOSTRAS GRÁTIS

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