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terça-feira, agosto 12, 2014

JOHN HIATT VOLTA MAIS DESPOJADO DO QUE NUNCA EM "TERMS OF MY SURRENDER"


O público de classic rock dos anos 70 costuma abusar do direito de ser conservador.

Quem já trabalhou com emissoras de rádio dedicadas a esse segmento de público sabe bem o quanto é difícil apresentar a eles qualquer coisa que não seja o PF nostálgico que sempre os remete de volta aos "bons e velhos tempos".

Felizmente, vários artistas que podem ser enquadrados nessa categoria, e que permanecem na ativa até hoje, adoram remar contra a maré do "saudosismo confortável". E trazem de tempos em tempos discos repletos de novidades, onde deixam claro que não querem ser prisioneiros dos seus passados gloriosos.


John Hiatt é um que viveu grandes momentos e chegou a flertar com o estrelato nos anos 80.

Hoje ele é um sobrevivente de alma.

Jamais encostou o boi na sombra.

Continua produtivo aos sessenta anos com a mesma verve que tinham aos trinta, somada à sabedoria de estrada que acumulou com o passar dos anos.


Quando estreou em 1974 com "Hangin' Around The Observatory", ele era apenas mais um candidato ao cargo de "novo Bob Dylan" -- que estava em aberto desde que Dylan subiu as montanhas e sumiu da vista de todos no final dos anos 60.

Hiatt tentou de tudo, quebrou a cara em 7 discos que, apesar de bons, não deram em nada, e só foi dar certo como artista solo em 1987, quando aparou as arestas e reduziu suas idéias musicais a um mínimo no disco "Bring The Family", onde contracenou com Ry Cooder, Nick Lowe e Jim Keltner.

Desde então, desistiu de apostar no "aim high, hit big" e vem mantendo seu "low profile" desfilando seus rocks, seus blues e suas baladas em discos às vezes elétricos, outras vezes acústicos, às vezes urgentes, outras vezes perenes.


Como é o caso deste seu novo trabalho, "Terms Of My Surrender", predominantemente acústico, gravado com sua banda de estrada e produzido pelo seu guitarrista Doug Lancio.

Se você é daqueles que reclamaram que o padrão de produção de Kevin Shirley havia afogado os discos anteriores de Hiatt num padrão sonoro roqueiro demais, sorria: esse disco é para você.

Aqui, Hiatt brinca à vontade com sua voz e com sua banda numa sequência deliciosa de números totalmente "laid back".

Talvez falte um single, alguém vai dizer.

Talvez, mas será que isso faz alguma diferença em 2014?

Gostaria de destacar duas canções: a magnífica balada dylaniana "Long Time Comin'", que abre o disco e já nasce clássica, e a adorável faixa título, "Terms Of My Surrender", que lembra aquelas velhas baladas de Hoagy Carmichael dos anos 30 e 40.


Há 40 anos, John Hiatt conquistou um público fiel, sempre ansioso por conhecer as novas canções que ele compôs ao longo do ano.

Mesmo assim, isso não foi o suficiente para a Indústria Fonográfica, que, no início dos Anos 90, rebaixou John Hiatt do mainstream para a cena alternativa, já que a vendagem de seus discos permanecia estática ao longo dos anos. Hoje, depois da crise da Indústria, esse público fiel e essas vendagens estáticas de John Hiatt passaram a valer ouro. Na verdade, sempre valeram, a Indústria é que não se dava conta disso.

A cada dois anos, John Hiatt sempre nos brinda com um disco muito especial.

Mas dessa vez ele caprichou pra valer.




WEBSITE OFICIAL
http://www.johnhiatt.com/

DISCOGRAFIA 
http://www.allmusic.com/artist/john-hiatt-mn0000812046/discography

AMOSTRAS GRÁTIS

sexta-feira, agosto 24, 2012

JOHN HIATT FAZ 60 ANOS E PRESENTEIA A TODOS NÓS COM UM DISCO MAGNÍFICO.


John Hiatt é um dos grandes compositores americanos vivos.

Bob Dylan, Neil Young, Paul Simon, Randy Newman e ele mereciam estar esculpidos em algum Monte Rushmore qualquer.

Hiatt é craque em criar personagens para incorporar canções que alternam um bom humor impecável com reflexões contundentes sobre meia idade, amor e vida na estrada.

Canções que, diga-se de passagem, são disputadas a tapa por artistas dos mais diversos gêneros.

Como artista solo, John Hiatt é dono de uma carreira riquíssima, que começou em meados dos anos 70 em discos não muito afirmativos gravados na Columbia e na MCA, para então estrear em grande estilo na A&M Records no hoje clássico LP “Bring The Family”, de 1987 -- onde dividiu a cena com seus comparsas Ry Cooder, Nick Lowe e Jim Keltner pela primeira vez, antes de formar o genial grupo Little Village. 

De lá para cá, Hiatt vem gravando discos excelentes. Alguns elétricos e truculentos como "Perfectly Good Guitar", "Beneath This Gruff Exterior" e "Master Of Disaster". Outros acústicos e climáticos como "Walk On" e "Crossing Muddy Waters".

Infelizmente, nenhum deles conseguiu ser um grande sucesso de vendas, o que dificultou bastante a permanência de Hiatt na cena mainstream.

Seu público não crescia e nem encolhia, daí o interesse das gravadoras grandes nele começou a oscilar.



Mas, curiosamente, Hiatt nunca se deixou abalar com isso.

Assim que seu contrato com a Capitol encerrou, logo depois do disco "Little Head", ele simplesmente assinou com o selo independente Vanguard, que o recebeu de braços abertos, e fez a transição de uma cena para outra sem nenhum trauma.

Dois discos mais tarde, assinou com a New West Records e foi fazer companhia para gente como Lucinda Williams, Delbert McClinton, Lyle Lovett, Kris Kristofferson, The Flatlanders e vários outros grandes artistas que também estavam cansados de ser esnobados pelo mercadão musical.

Hoje, aparentemente, Hiatt está feliz e satisfeito, e continua abastecendo artistas com canções magníficas.


Pois bem: "Mystic Pinball", seu vigésimo primeiro álbum em quase 40 anos como artista solo, acaba de sair do forno.

É mais uma bela coleção de canções, que alterna rocks fulminantes (“Bite Marks", "My Business", "You´re The Reason I Need"), números de rhythm and blues rasgados ("I Know How To Lose You", "One Of Them Damn Days", "Give It Up") e baladas contundentes ("No Wicked Grin", "I Just Don´t Know What To Say").   Chega a ser impressionante como Hiatt consegue produzir no espaço curto de um ano um repertório novo tão variado e tão gabaritado como esse.

Eu confesso que fiquei encantado tanto com a faixa de encerramento do disco, "The Blues Can´t Even Find Me" -- fortemente influenciada por Bob Dylan e simplesmente perfeita. Gostei muito também do punch roqueiro truculento de "We´re Alright Now", um número da mesma família de sua "Thing Called Love", que já nasce clássico.

Hiatt, sabiamente, chamou Kevin "Caveman" Shirley para assumir a produção do disco, pois gostou muito do que ele realizou em “Dirty Jeans and Mudslide Hymns”, seu trabalho anterior, lançado no ano passado. Shirley tornou os arranjos das canções mais teatrais e climáticos, pôs a banda para tocar de uma maneira bem aberta e ainda insistiu para que Hiatt escolhessee com um repertório bem eclético para tentar atingir diversas faixas de público. Deu tão certo que ele decidiu repetir a dose.

A banda que trabalha com ele aqui em "Mystic Pinball" é a sua banda de estrada: Doug Lancio (guitarras, mansolin, dobro), Kenneth Blevins (bateria) e Patrick O´Hearn (baixo). Uma opção segura para um repertório "road tested".



Para alguém que já cometeu muitas ousadias ao longo de sua carreira, John Hiatt tem todo o direito de apostar agora num público mais amplo para seu trabalho.

Seu conjunto de obra é vigoroso demais para ser privilégio de apenas alguns iniciados.

Além do mais, "Mystic Pinball" celebra o aniversário de sessenta anos de John Hiatt -- que está não só em excelente forma, como não quer mais saber de perder tempo com experimentos duvidosos daqui por diante.

Ou seja: preparem-se, pois Hiatt não deve dar sossego nos próximos anos com discos anuais, tournées  longas e canções novas na voz de meio mundo por aí.

Sejam bem vindos a essa nova fase na vida de John Hiatt.


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