segunda-feira, julho 18, 2011

CINCO ERRANTES ROQUEIROS NAVEGANTES (por Chico Marques)

Nos cinco anos que antecederam “Thriller”, o clássico de Michael Jackson e Quincy Jones, reinava uma pluralidade musical notável nas cenas musicais pop do mundo inteiro. Podia qualquer coisa nas cenas pós-punk e no wave. Bastava ter talento e a bênção de algum produtor musical, e pronto: todos os caminhos estavam abertos.

Mas então veio 'Thriller", o LP que instituiu uma espécie de Idade Média na Indústria Fonográfica americana. E então, a partir dele, a própria Indústria começou a escantear qualquer manifestação artística que não fosse 100% integrada ao que então se considerava “mainstream”.

Hoje, temos uma cena musical bastante semelhante à que havia antes de "Thriller". Só que com uma variedade muito maior de manifestações, uma cena independente que não pára de crescer cada vez, facilidades antes inpensáveis para gravar e mixar um disco e novas “medias” que conseguem entregar o “produto” certo ao cliente certo.

Pouco a pouco, o ideal de mercado musical que existia naquela época – “um mar que não rejeita rio algum”, imagem forjada por Pete Townshend, do The Who, nos anos 1980 – virou realidade.

Sendo assim, nada mais justo que artistas que deram os primeiros passos em suas carreiras naquela momento já meio distante, possam desfrutar de uma situação confortável hoje.

É o caso dos nossos cinco errantes roqueiros navegantes desta semana:

Garland Jeffreys – mulato do Brooklyn apaixonado por blues e soul music, que descobriu o reggae acidentalmente numa academia de ginástica do bairro em 1969.

Willy DeVille – criatura bastante estranha dos subúrbios de Nova York, falecido recentemente, que mesclava a urgência do punk rock com serenatas soul com sotaque latino.

Alejandro Escovedo – punk rocker e poeta das ruas de San Francisco, Califórnia, que aos poucos se tornou um dos compositores mais contundentes da América.

Raul Malo – country-rocker de Miami, Florida, filho de cubanos e um dos artistas mais multifacetados que a cena musical americana já teve o prazer de conhecer.

Luka Bloom – folk singer irlandês nada ortodoxo, que ficou famoso por pegar um número do rapper L L Cool J. e transformá-lo numa bela balada folk.

Todos eles tem em comum o mesmo espírito aventureiro e a mesma atitude desalinhada

Pois estes são os mais novos trabalhos desses bravos desbravadores musicais.

Vamos a eles:



















GARLAND JEFFREYS

THE KING OF IN BETWEEN
A primeira vez que o mundo tomou conhecimento da existência de Garland Jeffreys foi no disco “Vintage Violence”, que John Cale gravou logo que saiu do Velvet Underground, em 1969. Jeffreys estava lá, cantando ao lado dele, e logo foi saudado como “the best next thing” e um dos tesouros musicais escondidos mais preciosos da Costa Leste americana. Demorou a ser contratado, pela Atlantic. E então, gravou um belo disco em 1972 com uma banda que trazia Dr. John e outros grande músicos, onde mapeava musicalmente a região do Brooklyn e do Queens, mesclando soul, rock and roll, reggae, canções hispânicas e outras sonoridades trazidas pelos novos habitantes desses bairros, que vinham de todos os cantos do mundo. Podia ter sido um triunfo. Mas, infelizmente, ninguém tomou o menor conhecimento, e o LP foi um fiasco de vendas. Jeffreys passou quatro anos no estaleiro tentando avaliar o que saiu errado, e então voltou à carga com um segundo disco certeiro, excelente, chamado “Ghost Writer”, onde retomava o mesmo projeto musical anterior, mas agora com o suporte jazzy da banda do guitarrista David Spinozza e alguns singles em potencial escondidos na cartola e nas mangas. Aí sim, funcionou. E o sucesso finalemente chegou. Mas infelizmente não durou muito -- apenas 3 ou 4 anos. Em meados dos anos 1980 – sem dúvida o períodos menos tenebroso da história da música pop -- , Jeffreys cansou de correr atrás de contratos e passou a gravar discos independentes, que vendiam muito pouco, e, por conta disso, ficaram cada vez mais espaçados. Para se ter uma idéia, “The King Of In Between” é seu primeiro trabalho em nada menos que 13 anos, e é excelente, vigoroso, repleto de composições que grudam no ouvido logo após a primeira audição e perfeito em todos os sentidos. Tem um dos boogies mais deliciosos que ouvi nos últimos anos – “Til John Lee Hooker Calls Me” --, a melhor homenagem à cidade de Nova York que ouvi neste novo Século – “Roller Coaster Town” – e também seqüências temáticas a seus números clássicos dos anos 70 ‘Wild In the Streets” -- “Streetwise”, malandra até dizer chega – e “”Ghost Writer” -- “The Contortionist”, quase uma autobiografia dos últimos 30 anos --, ambas magníficas. A não ser que Mr. Jeffreys seja um compositor muito pouco prolífico, não há justificativa para gravar assim tão pouco, e tão espaçado. Garland Jeffreys: por favor, não suma novamente. E agora chega, pois meus adjetivos acabaram.




















WILLY DEVILLE

COME A LITTLE BIT CLOSER – LIVE!
Por mais questionável que tenha sido o legado musical do punk rock nos Estados Unidos, não se pode negar que foi graças à efervescência da cena pós-punk que muitos artistas inclassificáveis ou difíceis de classificar conseguiram um merecido lugar ao sol na Indústria Fonográfica. Willy DeVille era uma deles. No comando do grupo Mink DeVille nos anos 1970 e 1980, ele mesclou um rock and roll pedestre e urgente com a soul music com sotaques latinos dos subúrbios de Nova York e Newark numa combinação que lembrava tanto Phil Spector quanto os emergentes conterrâneos Bruce Springsteen & The E Street Band e Southside Johnny & The Asbury Jukes. Mas Willy DeVille tinha um projeto de carreira bem mais complexo que isso. Depois de 10 anos à frente do Mink deVille, dissolveu a banda e seguiu para New Orleans para fazer investigações musicais no rhythm & blues do Deep South, em discos magníficos como “Loup Garou” -- que foram extremamente bem recebidos na Europa mas solenemente ignorados nos EUA. Mas isso não o desanimou. Mudou-se para Paris, passou a administrar sua carreira de lá, e tocou seu trabalho em frente, fazendo tournées memoráveis e gravando discos estranhos, difíceis, mas sempre inusitados e de altíssimo gabarito artístico. Desde sua morte ano retrasado, circulam rumores de que um grande número de gravações inéditas estaria sendo organizada para lançamento em discos futuros. Esse aqui, pelo visto, é o primeiro deles. É quase um The Best Of Willy DeVille gravado ao vivo, com releituras magníficas tanto para canções de todas as fases de sua carreira, como ‘Venus Of Avenue D”, ‘Spanish Stroll”, “Mixed Up Shook Up Girl” e “Just To Walk That Little Girl Home”. De surpreendente, uma releitura à moda de Phil Spector para “Slave To Love”, de Brian Ferry, e outra, estranhíssima -- em tom de salsa, simplesmente genial --, para a imortal “Hey Joe”. Quem não conhece Willy deVille, temem “Come A Little Bit Closer – Live!” um excelente ponto de partida para uma das figuras mais loucas e idiossincráticas da cena musical pop americana em todos os tempos. Para quem o conhece de longa data, é uma excelente oportunidade para matar a saudade. Da minha parte, não é pouca.




















ALEJANDRO ESCOVEDO

STREET SONGS OF LOVE
Há mais de 35 anos na cena musical da Costa Oeste americana à frente de bandas ótimas que nunca emplacaram direito -- Rank & File, True Belivers – ou apostando numa carreira solo que nunca decolou como merecia, tudo indica que Alejandro Escovedo finalmente achou seu Norte. “Street Songs Of Love” é seu segundo LP produzido pelo lendário Tony Visconti, ex-parceiro de David Bowie nos anos 1970, e mixado por Bob Clearmountain -- que souberam adequar aquela urgência roqueira “glam” dos discos clássicos de Bowie ao trabalho intenso e multifacetado de Escovedo, O resultado é vigoroso, sem dúvida um dos discos mais contundentes deste ano. O isso é surpreendente vindo de Escovedo, já que ele esteve à beira da morte dez anos atrás, por conta de uma hepatite C dignosticada e não tratada ao longo de 4 anos. Escovedo teve um colapso em pleno palco, em Phoenix, e teve sua carreira interrompida por um tratamento demorado, que foi totalmente bancado pelos amigos e admiradores, e que durou mais de dois anos – mas, felizmente, teve bons resultados. Desde que voltou à ativa, a temática habitual das canções de Escovedo ficou mais serena -- como “After The Meteor Showers” e “Shelling Rain” –, apesar de sua musicalidade estar mais turbulenta e agressiva do que jamais esteve – como comprovam “This Bed Is Getting Crowded” e “Anchor”. Enfim, Alejandro Escovedo é um grande talento. Está no melhor momento de sua carreira. Só nos resta torcer para que essa sua lua de mel com Tony Visconti e Bob Clearmountain emplaque outros discos tão superlativos quanto estes recentes “Real Animal” e “Street Songs Of Love”.




















RAUL MALO

SINNERS AND SAINTS
Se tem alguém hoje em dia na cena musical americana capaz de aglutinar gêneros musicais tão conflitantes quanto rockabilly, honky tonk, surf music, polka, tex-mex, salsa e country... esse alguém é Raul Malo. Ex-líder dos Mavericks, dono de um timbre vocal que lembra eventualmente Roy Orbison, e herdeiro do legado musical do “maestro” Doug Sahm – conhecido como o Count Basie do Tex-Mex --. Raul Malo nasceu em Miami, Florida, filho de pais cubanos, e tocou em tantas bandas de tantos gêneros diferentes que aprendeu a ver a música popular por uma ótica plural e totalmente pessoal. Esse seu sexto LP solo começou a ser gravado dois anos atrás em um estúdio caseiro em Nashville, Conforme as canções foram evoluindo, Malo sentiu que aquelas novas canções estavam brotando na cidade errada, e mudou de mala e cuia para Austin, Texas, onde uniu forças a craques como o lendário organista Augie Myers, o guitarrista Shawn Sahm (filho de Doug) e o grupo vocal feminino The Trishas. Foi aí que “Sinners and Saints” ganhou esse sotaque fronteiriço delicioso e esse colorido musical que ostenta. Não é exagero algum dizer que este é o melhor de todos os discos de Malo, incluindo os que fez com os Mavericks. E não há muito mais o que dizer. Escutem esse novo trabalho de Raul Malo e entendam porque não existem fronteiras musicais entre Estados Unidos, México e as sonoridades caribenhas. “Sinners and Saints” é tão bem resolvido que merecia tocar o dia inteiro como música ambiente na ONU. Quem sabe aquela gente aprende alguma coisa com esses músicos eternamente sorridentes.















LUKA BLOOM

2 METER SESSIONS
Luka Bloom nasceu na Irlanda e começou sua carreira em meados dos anos 1970 com seu nome verdadeiro, Barry Moore -- incentivado pelo irmão Christy Moore, que já era na ocasião um dos artistas folk mais respeitados da cena irlandesa. Mas, por algum motivo que nada tinha a ver com seu talento como cantor e compositor – provavelmente a sombra protetora e, ao mesmo tempo, incômoda de seu irmão mais famoso – sua carreira nunca sensibilizou muito os irlandeses. Então, a reboque do sucesso internacional do U2, ele deixou a Irlanda em 1987 e mudou seu nome artístico para Luka Bloom, para tentar a sorte na América. Gravou 3 discos para a Reprise Records que o projetaram como artista folk, mas acabou prisioneiro de um contrato leonino que o deixou 5 anos sem poder gravar. Curiosamente, do início dos anos 1990 em diante sua carreira finalmente decolou. Seus últimos discos -- “Tribe”, ‘Eleven Songs” e “Lost In America” – são triunfos artísticos inquestionáveis, bem recebidos por crítica e público no mundo inteiro. Esse novo “2 Meter Sessions” é um EP com 8 de suas canções gravadas ao vivo, sem banda, para um projeto da TV Dinamarquesa , que acaba de ser lançado somente para o mercado europeu. Para quem ainda não conhece o trabalho de Luka Bloom, serve como uma bela introdução aos múltiplos talentos desse eloqüente folk Singer irlandês. Para quem já conhece, vale como aperitivo até que ele nos brinde com seu próximo disco, quem sabe até o final deste ano.


DISCOGRAFIAS

LPs GARLAND JEFFREYS
Garland Jeffreys & Grinders Switch (1970)
Garland Jeffreys (1973)
Ghost Writer (1977)
American Boy & Girl (1978)
Escape Artist (1980)
Rock & Roll Adult (1981)
Guts For Love (1983)
Don´t Call me Buckwheat (1992)
Wildlife Dictionary (1997)
The King Of In Between (2011)

LPs WILLY DEVILLE
Cabretta (com Mink DeVille 1977)
Return To Magenta (com Mink DeVille 1978)
Le Chat Bleu (com Mink DeVille 1980)
Coup De Grace (com Mink DeVille 1981)
Where Angels Feat To Tread (com Mink DeVille 1983)
Sportin´ Life (com Mink DeVille 1985)
Miracle (com Mink DeVille 1987)
Victory Mixture (1990)
Willy DeVille Live (1993)
Backstreets Of Desire (1994)
Loup Garou (1996)
Live (1991)
Horse Of A Different Color (1991)
Acoustic Trio In Berlin (1993)
Crow Jane Alley (1994)
Pistola (2008)
Come A Little Bit Closer – Live! (2011)

LPs ALEJANDRO ESCOVEDO
Sundown (com Rank & File 1982)
Long Gone Dead (com Rank & File 1984)
Rank & File (com Rank & File 1985)
True Believers (com True Believers 1987)
Hard Road (com True Believers 1989)
Gravity (1992)
The End-Losing Your Touch (1994)
Thirteen Years (1994)
With These Hands (1996)
More Miles Than Money-Live! (1998)
Bourbonitis Blues (1999)
A Man Under The Influence (2001)
By The Hand Of the Father (2002)
Por Vida: A Tribute to Alejandro Escovedo (2004)
Room Of Songs (2005)
The Boxing Mirror (2006)
Real Animal (2008)
An Introduction To Alejandro Escovedo (2009)
Street Songs Of Love (2011)

LPs RAUL MALO
Mavericks (com Mavericks 1991)
From Hell To Paradise (com Mavericks 1992)
Cryin´ Shame (com Mavericks 1994)
Music For All Occasions (com Mavericks 1995)
Trampoline (com Mavericks 1998)
It´s Now! It´s Live! (com Mavericks 1998)
Live In Austin Texas (com Mavericks 2000)
Today (2001)
The Nashville Acoustic Sessions (2004)
You´re Only Lonely (2006)
After Hours (2007)
Marshmallow World & Holiday Favorites (2007)
Lucky One (2009)
Sinner & Saints (2011)

LPs LUKA BLOOM
The Barry Moore Years (1987)
Luka Bloom (1988)
Riverside (1990)
The Acoustic Motorbike (1992)
Turf (1994)
Salty Heaven (1999)
Keeper Of The Flame (2000)
Between The Mountain & The Moon (2002)
Amsterdam Live! (2003)
Before Sleep Comes (2004)
Innocence (2006)
Tribe (2007)
Eleven Songs (2008)
Dreams In America (2010)
2 Meter Sessions (2011)


PORTA-RETRATOS

“Não sou o tipo de compositor que escreva canções sobre garotas e carros. Meu tema é sempre como e onde eu fui criado, e como vivo hoje. Meu desafio é sempre achar uma maneira nova de traduzir isso em canções.” (Garland Jeffreys)

“O grande segredo na hora de gravar é saber a hora de parar. Tem momentos em que, se você entra na cabine novamente para refazer alguma passagem, ou para acrescentar alguma coisa, você mata a canção. Daí, é importante ter segurança e acreditar no que você fez. E tomar coragem para dar o assunto por encerrado.” (Willy DeVille)

“Bruce Springsteen sempre foi um grande amigo e um grande incentivador do meu trabalho. Há já uns bons anos, enquanto seu show não começa, ele sempre manda colocar meus cds para tocar para o público dele. Esse tipo de camaradagem é a cara dele.” (Alejandro Escovedo)

“Ouço de tudo desde pequeno. Adoro Elvis e Johnny Cash. Gosto muito de Luciano Pavarotti. Sempre ouço Etta James e James Brown. É muito raro eu calhar de não gostar de algum tipo de música.” (Raul Malo)

“É um grande privilégio poder compor canções e cantá-las para as pessoas. Tenho uma gratidão imensa por qualquer um que compre meus discos ou vá a meus shows. Nunca achei que merecesse receber mais crédito do público do que os que já tenho. O desafio agora é zelar pelos admiradores que já conquistei, e mantê-los interessados no que faço.” (Luka Bloom)

“Fico feliz quando acerto na mosca com minhas composições. Tempos atrás, conversando com meu amigo Graham Parker, ele disse: Puxa, Garland, aquela sua canção, “Matador”, é demais, simplesmente perfeita, talhada para o sucesso. Como eu queria ter escrito uma canção poderosa como essa. O diabo é que tem gente como Paul Simon que tem umas vinte dessas em seu curriculum.” (Garland Jeffreys)

“Adoro a música que faço e adoro sair em tournée. Quando sinto que consegui entrar na mesma sintonia da platéia, o prazer que sinto é indescritível. Eu me considero um cara de sorte. Faço só o que gosto. Pouca gente no mundo inteiro conta com esse privilégio.” (Willy DeVille)

“Meus pais contribuiram bastante para a cena musical americana. Meus irmãos Coke e Pete são muito conhecidos por terem participado das melhores formações da banda de Carlos Santana. Eu, que sou o mais novo, já estou na cena há 35 anos. Somos quase um clã musical. Para mim, é motivo de muito orgulho carregar o nome Escovedo.” (Alejandro Escovedo)

“Música é um negócio muito incerto. É preciso gostar muito de fazer música para poder encarar o meio musical. Ou você ama muito o que você está fazendo, e confia no seu taco -- torcendo para que dê tudo certo no final e o público responda positivamente ao que você realizou --, ou então é melhor mudar de ramo.” (Raul Malo)

“Luka eu tirei da canção de minha amiga Suzanne Vega. Bloom, eu tirei do personagem de James Joyce. Como eu estava vindo de Dublin para Nova York para recomeçar minha carreira, achei que seria boa idéia adotar um novo nome artístico que fizesse a ponte entre essas duas cidades.” (Luka Bloom)


AMOSTRAS GRÁTIS














Um comentário:

Anônimo disse...

legal onde vc descola esses caras nunca OUVI FALAR NELES MAS SAO BONS, ESSA CONEY ISLAND WINTER É DEMAIS