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quarta-feira, maio 03, 2017

DUAS OU TRÊS COISAS SOBRE "14 STEPS TO HARLEM", NOVO DISCO DO REI DO BROOKLYN, MR. GARLAND JEFFREYS

por Chico Marques


Garland Jeffreys é o tipo de artista que os americanos costumam identificar como sendo "the best thing that never happened".


Mezzo portoriquenho, mezzo negro e dono de olhos azuis que indicam sangue de outras procedências, Mr. Jeffreys sempre foi cultuado como uma espécie de gênio desalinhado pela comunidade roqueira, mas nunca foi devidamente absorvido pela comunidade soul e pela comunidade musical latina.


Daí, acabou virando um herói musical do Brooklyn e do Harlem, tornando-se pouco conhecido além dessas vizinhanças.


Sua música sempre desafiou classificações de gênero, mesclando rock, blues, soul, reggae e influências latinas com uma naturalidade de enlouquecer o pessoal da Billboard Magazine.


Com pouco mais de uma dúzia de LPs gravados ao longo de 45 anos de uma carreira bem acidentada, vários produtores bem que tentaram fazer com que seu enorme talento coubesse num LP.


E em duas ou três ocasiões, quase conseguiram.



A primeira vez que se ouviu falar no nome Garland Jeffreys foi em 1969, quando John Cale, recém-saído do Velvet Underground, gravou seu primeiro LP solo pela Columbia Records.

O disco se chamava "Vintage Violence", e trazia uma lindíssima composição de Mr. Jeffreys -- que era muito amigo de Cale -- intitulada "Fairweather Friend", em que ele cantava também.

E como cantava...



Logo no início de 1970, o nome Garland Jeffreys surgiria na capa de um LP do grupo de folk-blues Grinder's Switch -- não confundir com o Grinderswitch, banda de southern rock do segundo time da Capricorn Records em meados dos Anos 70 --, formado por amigos seus que moravam em Woodstock. 

Lançado pele selo independente Vanguard, o Lp em questão não chamou a atenção de ninguém, e logo ele foi sondado e contratado por uma gravadora poderosa -- a Atlantic Records --, que parecia muito interessada em suas habilidades como compositor, mas não sabia ao certo o que fazer com ele como artista solo.



Então, em 1973, ele finalmente estreou solo num LP muito bom, intitulado simplesmente "Garland Jeffreys", com excelentes canções e um aparato promocional bastante razoável.

Mas infelizmente o LP tinha mais a cara musical do produtor -- o lendário Dr. John MacRebbenack -- do que a cara dele -- e, talvez por conta disso, acabou passando totalmente desconsiderado por crítica e público.

E mais uma vez, a tão aguardada estreia em disco de Garland Jeffreys acabou adiada.




Garland Jeffreys permaneceu um ilustre desconhecido ao longo dos anos 70.

Só que um ilustre desconhecido com amigos influentes, como Lou Reed, Bob Marley e James Taylor.

Que, por sua vez, não se conformavam com o fato de Mr. Jeffreys ter estreado de forma tão torta, e estar demorando tanto para conseguir dar o pontapé inicial em sua carreira.


Pois esses amigos não sossegaram enquanto não conseguiram para ele um contrato decente com alguma gravadora, que lhe desse direito a liberdade artística e a escolher seu produtor.



E então nasceu "Ghost Writer" (1976), produzido e arranjado por David Spinozza para a A&M Records, um dos discos mais emblemáticos e urgentes da cena novaiorquina pré-punk.

Repleto de canções espetaculares, "Ghost Writer" ganhou visibilidade nacional e internacional embalado pelo sucesso de outros artistas novaiorquinos ascendentes como Bruce Springsteen -- que acabara de lançar "Born To Run" -- e Patti Smith -- que estava explidindo com "Horses".

"Ghost Writer" emplacou logo de cara nas paradas o single "Wild In The Streets/35 Milimeter Dreams", um caso raro em que tanto o lado A quanto o lado B tocaram sem parar nas rádios na época.

Graças a isso, a carreira de Mr. Jeffreys finalmente escalou o Top 50 nos dois lados do Oceano Atlântico, garantindo a ele 5 ou 6 anos de tournées constantes e contratos que lhe permitiram gravar LPs anuais sempre bem recebidos por crítica e público.



Infelizmente, depois de dois ótimos LPs para a A & amp; M e Outros dois para a Columbia, Garland Jeffreys começou a perder o foco de sua Carreira.

Um flerte desastrado com o mainstream no LP "Guts For Love", produzido pelo inadequadíssimo Bob Clearmountain, o levou a um fiasco retumbante em vendas.

E esse fiasco retumbante levou a carreira de Mr. Jeffreys para a mesma vala comum em que vários outros artistas muito talentosos e sem contrato com gravadoras -- Warren Zevon, John David Souther, Gene Clark, Tony Joe White, Tom Waits, etc. -- também afundaram no início dos Anos 80. 

Pensando bem: em plena "Era Thriller", nada mais natural que nenhuma grande gravadora demonstrar interesse em comprar o passe de artistas com perfis diferenciados.



Para Garland Jeffreys, o jeito foi seguir de mala e cuia para a cena alternativa, onde acabou se saindo relativamente bem, gravando discos esporádicos e circulando por faixas de público cada vez mais específicas.


A essa altura do campeonato, já são 35 anos como artista independente na cena americana. 


Sempre escapando com alguma frequência para a Europa e Japão, onde nunca deixou de ter uma excelente acolhida de público.


E onde até hoje recebe tratamento de estrela.



Pois Garland Jeffreys está de volta com "14 Steps To Harlem" (Luna Park Records, USA), mais um belo disco que, se por um lado não traz grandes novidades, por outro serve para deixar 3 coisas bem claras a respeito dele:

1. Aos 73 anos de idade, Mr. Jeffreys continua em plena forma, tanto como performer quanto como compositor.

2. Na medida em que gravou nada menos que 3 LPs nos últimos 6 anos, essa regularidade colocou Mr. Jeffreys de volta na cena musical e permitiu a ele se autopromover melhor, ficando livre daquelas pautas irritantes que a Imprensa de Variedades adora, do tipo "Por Onde Anda..." ou "O Que Foi Feito de..."

3. Depois de todos esses anos, sua musicalidade mestiça finalmente acabou sendo aceita como traço estilístico, e agora Mr. Jeffreys consegue ser trabalhado perante o público como "um artista de rock and roll de Nova York", seja lá o que isso signifique.

As novas canções de Garland Jeffreys falam sobre o passado, sobre sua trajetória até aqui, sobre as alegrias e os amigos, e sobre as dificuldades que passou e as perspectivas de futuro que insistem em mantê-lo vivo, ativo e sempre pronto para o próximo desafio.

São relatos de vida vigorosos e cativantes, que tornam essas canções muito especiais. 


Além dessas novas dez canções autorais, que promovem o tour habitual por todas as suas predileções musicais -- tem rock, blues, soul, reggae e sonoridades latinas as mais diversas --, Mr. Jeffreys escolheu para fechar "14 Steps To Harlem" dois covers sensacionais como uma homenagem a dois grandes artistas de Nova York.

O primeiro deles é John Lennon.

Mr. Jeffreys faz uma releitura bem lenta e soulful de "Help", do repertório dos Beatles, e praticamente reinventa esse número emblemático, tomando-o para si próprio de forma impressionante.

  E o segundo é Lou Reed, um grande amigo seu, que é homenageado com uma versão muito curiosa e streetwise para o clássico dos tempos do Velvet Underground “I’m Waiting for My Man”.

Para completar, Laurie Anderson, viúva de Reed, toca violino de forma arrebatadora na belíssima balada que encerra o disco: “Luna Part Love Theme”.

E quando o disco termina, a choradeira é inevitável.

Canção lindíssima! 


 "14 Steps To Harlem" é um disco um pouco mais leve e mais positivo que seus antecessores.

Apesar da maioria das canções falar de amor, de dificuldades do dia a dia e dos "generation gaps" que existem na visão de mundo dele e das novas gerações, nada pesa demais nessa nova seleta de canções.

Sua nova banda, composta por músicos jovens e não muito conhecidos, formula performances coesas e muito intensas sob a orientação do produtor e arranjador James Maddock.

Garland, como de hábito, acertou em cheio na escolha de seu novo produtor e seus novos bandmates; todos se esforçaram para proporcionar molduras musicais impecáveis para o ótimo repertório do disco.

Graças a essa toda essa integração temática e musical que flui em "14 Steps To Harlem", não me parece nenhum exagero afirmar que esse novo disco de Garland Jeffreys não só deve agradar em cheio aos velhos fãs como tem sérias chances de cativar novos admiradores que poderão talvez descobrir o quanto ele foi importante na formação de artistas mais jovens como Ben Harper e Alexandro Escovedo.

Está mais do que na hora de Garland Jeffreys voltar a ter um público mais extenso.

Ele merece.





AMOSTRAS GRÁTIS






CHICO MARQUES
é comentarista,
produtor musical
e radialista
há mais de 30 anos,
e edita a revista cultural
LEVA UM CASAQUINHO
e o blog musical
ALTO & CLARO 



quarta-feira, dezembro 30, 2015

2 OU 3 COISAS SOBRE "SOULTIME", NOVO LP DE SOUTHSIDE JOHNNY & ASBURY JUKES

por Chico Marques


Quando Bruce Springsteen virou herói nacional em 1975 com seu 3º disco, BORN TO RUN, todas as gravadoras americanas -- com excessão da Columbia, onde ele gravava, e grava até hoje -- começaram a correr atrás dos artistas de New Jersey que elas próprias haviam rejeitado sistematicamente nos anos anteriores por considerá-los meio cafonas. 

A esperança era de que algum deles, quem sabe, conseguisse pegar carona no sucesso estrondoso e merecido daquele "tampinha" do balneário decadente de Asbury Park que se transformava num gigante sempre que subia ao palco, à frente de sua E Street Band. 

O que vimos na cena musical anglo-americana nos anos que se seguiram ao surgimento de Bruce Springsteen foi uma verdadeira avalanche de novos roqueiros com um sotaque soul bem carregado, como Graham Parker, Willie Nile, Joe Grushecky, Melissa Etheridge e Jon Bon Jovi. 

Isso sem contar muitos veteranos que estavam meio apagados, quase à margem do mercado, que aproveitaram a deixa para pegar carona naquela onda -- o caso de Garland Jeffreys, Elliott Murphy, Nils Lofgren, Ian Hunter, Gary U.S. Bonds e Dion DiMucci, entre vários outros.


Curiosamente, de todos esses "seguidores", o mais interessante de todos foi justamente um outro grupo de Asbury Park com um cantor espetacular (Johnny Lyon), um guitarrista e band-leader poderoso (Steve Van Zandt) e uma sessão de metais poderosíssima, que o próprio Bruce apadrinhou e a Columbia contratou: Southside Johnny & The Asbury Jukes.

Os três primeiros discos dessa banda enorme são absolutamente notáveis: verdadeiras aulas de soul music com sotaque roqueiro, resgatando o melhor do Northern Soul e, de quebra, sempre apresentando novas canções inéditas que Bruce Springsteen dava de presente para eles gravarem. 

Os três discos seguintes, gravados para a Mercury, já sem o comando de Steve Van Zant e sem os presentões de Bruce Springsteen, não possuem a mesma grandeza. Mas, por outro lado, não fazem feio em momento algum, mantendo a chama artística da banda bem acesa.


De meados dos Anos 80 em diante, conforme Bruce foi se distanciando mais e mais de suas raízes soul, a sonoridade clássica do Southside Johnny & The Asbury Jukes começou a ser questionada pelas gravadoras como sendo datada demais e apelativa de menos para os novos públicos. Daí, a saída para eles foi cair fora do mainstream para preservar sua integridade musical e seguir para a cena independente.

Assim, a banda vem dançando conforme a música nos últimos 30 anos, sempre a reboque do prestígio inabalável de Bruce, que nunca negou fogo a eles, dando todo o suporte possível para que eles conseguissem se manter no mercado musical com aquela sessão de metais poderosa (e onerosa) sempre ativa.


Pois bem: Southside Johnny & The Asbury Jukes estão de volta com um novo disco, SOULTIME(um lançamento Leroy Records, selo do próprio Johnny Lyon), que resgata mais uma vez a sonoridade original da banda em uma série de novas canções que, de tão familiares, mais parecem clássicos da soul music revisitados.

SOULTIME! não traz nenhuma grande novidade em relação aos dois discos anteriores com canções inéditas da banda, GOING TO JUKESVILLE (2002) e "PILLS AND AMMO (2010). Dá para sentir que as mudanças constantes nos integrantes dos Asbury Jukes não surtiram um efeito positivo na identidade musical na banda, mas, por outro lado, não chegaram a prejudicar muito o produto final. E, claro, há sempre alguns números no repertório de SOULTIME! que brilham de forma tão intensa que fazem com que esqueçamos esses detalhes. 

É o caso da balada"The Heart Always Knows", uma pequena pérola que parece ter fugido do repertório de Jackie Wilson. Ou de "I'm Not That Lonely", que soa como o lado B de algum compacto dos Four Tops. Ou de "Walking In A Thin Line", que lembra algumas gravações clássicas dos Temptations com Norman Whitfield. E olha que tem ainda as envolventes "Looking For A Good Time" e "Don't Waste My Time", que remetem diretamente ao Philly Sound de Kenny Gamble & Leon Huff do início dos Anos 70.


SOULTIME! é um disco altamente recomendável, apesar de estar longe de ser tão relevante quanto as gravações iniciais de Southside Johnny & The Asbury Jukes perpetuadas 40 anos atrás.

Sua maior virtude é trazer uma dose cavalar daquilo que a banda sabe fazer melhor: Soul Music da Costa Leste Americana, bem dançante, com um sotaque levemente italianado e uma atitude truculenta tipicamente irlandesa.

É, antes de mais nada, um trabalho de resistência de uma banda veterana que nunca cansou de brigar contra as adversidades para continuar seguindo em frente. 

Bandas como o Southside Johnny & The Asbury Jukes, que sempre suam a camisa e nunca deixaram de ostentar uma dignidade inabalável, jamais poderão ser chamadas de "caça-níqueis", pois são o sal da terra do classic rock anglo-americano.


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DISCOGRAFIA COMENTADA

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segunda-feira, novembro 11, 2013

O UNIVERSO MUSICAL DE GARLAND JEFFREYS SEGUE VIVO E BEM NAS RUAS DO BROOKLYN

A primeira vez que se ouviu falar no nome Garland Jeffreys foi em 1969, quando John Cale, recém-saído do Velvet Underground, gravou seu primeiro LP solo pela Columbia Records.

O disco se chamava "Vintage Violence", e Garland fazia uma participação em uma das faixas.

Como era de praxe naqueles tempos, Garland foi contratado por uma gravadora -- Atlantic Records -- muito interessada em suas habilidades como compositor, mas que não sabia ao certo o que fazer com ele como artista solo.

Em meio a essa indefinição, três anos se passaram sem que Garland pudesse dar o pontapé inicial em sua carreira. Só em 1973, ele finalmente estreou solo. Num disco muito bom, diga-se de passagem. Mas que, infelizmente, tinha mais a cara musical do produtor Dr. John do que a sua, e passou totalmente despercebido por crítica e público.

Tudo bem, a música de Garland Jeffreys é meio difícil de definir, e ele nunca facilitou as coisas para achar mais rapidamente o seu público..

Mulato nascido no Brooklyn, NYC, há 69 anos, ele sempre trafegou por todas as sonoridades do bairro, indo desde o doo-wop e o rock and roll, passando pela soul music e pelas sonoridades latinas, e seguindo em direção ao reggae e ao blues.

Mesmo com um disco na bagagem, Garland Jeffreys continuou um ilustre desconhecido em meados dos anos 70.

Só que um ilustre desconhecido com amigos influentes, como Lou Reed e James Taylor, que não se conformavam com o fato dele ter estreado de forma tão torta, e não sossegaram enquanto não conseguiram para ele um novo contrato com garantia de liberdade artística e direito a escolher seu produtor.

E então nasceu "Ghost Writer" (1976), produzido por David Spinozza para a A&M Records, um dos discos mais emblemáticos da cena novaiorquina pré-CBGB's, que estava em grande evidência com o sucesso internacional de "Born To Run" de Bruce Springsteen e de "Horses" de Patti Smith.

Garland Jeffreys chegou e não perdeu tempo, emplacando logo de cara nas paradas o single "Wild In The Streets", que rapidamente virou uma espécie de hino das ruas nos subúrbios de Nova York.

Daí em diante, sua carreira finalmente engatou dos dois lados do Oceano Atlântico, seguindo de vento em popa por 5 ou 6 anos de tournées constantes, muita exposição na Imprensa Musical e discos anuais sempre bem recebidos.

Infelizmente, depois de outros 2 LPs para a A&M -- "One-Eyed Jack" e "American Boy And Girl" -- e outros 2 para a Columbia -- "Escape Artist" e "Rock & Roll Adult", ambos com a banda The Rumour, de Graham Parker, emprestada --, Garland começou a perder o foco de sua carreira.

Um flerte desastrado com o mainstream no LP "Guts For Love", produzido pelo inadequadíssimo Bob Clearmountain, o levou a um fiasco retumbante de vendas.

Daí em diante, nenhuma grande gravadora quis saber de comprar seu passe, e o jeito foi seguir de mala e cuia para a cena alternativa, onde acabou se dando bem, gravando discos mais esporádicos, mas sempre escapando com frequência para a Europa e Japão, onde nunca deixou de ter uma excelente acolhida de público.

Pois Garland está de volta com "Truth Serum", seu disco mais urgente e menos conceitual em muitos anos.

Como não podia deixar de ser, ele continua flertando com os mais diversos gêneros musicais -- para o desespero da Billboard, que há 40 anos tenta classificá-lo em algum segmento, em vão.

O disco abre com a faixa título, um bluesaço à moda de John Lee Hooker, com harmonica e guitarras distorcidas seguindo num mesmo tom, onde ele fala de excessos com o alcool e da proximidade dos 70 anos.

Mas antes que esses temas comecem a tomar conta do disco inteiro, Garland segue firme em direção a outras direções nas faixas seguintes -- seja falando de amor, de dificuldades do dia a dia, de "generation gaps", ou até mesmo de questões políticas e raciais que sempre fizeram parte do universo de suas canções.

Sua banda, comandada pelo baterista e produtor Steve Jordan, proporciona performances coesas e muito intensas. Garland acertou em cheio na escolha de seus bandmates. Nada melhor do que trabalhar com músicos que sabem exatamente como proporcionar a melhor moldura musical para as canções que vão compor um disco.

Graças a essa integração temática e musical que flui às mil maravilhas nas 10 faixas de "Truth Serum", não é nenhum exagero afirmar que esse novo disco de Garland Jeffreys não só deve agradar em cheio aos velhos fãs que, por um motivo ou outro, o perderam de vista nesses últimos 30 anos, quanto pode cativar novos admiradores que talvez descubram o quanto artistas mais jovens como Ben Harper foram influenciados por ele.

Está mais do que na hora de Garland voltar a ter um público mais extenso.

Ele merece.


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segunda-feira, julho 18, 2011

CINCO ERRANTES ROQUEIROS NAVEGANTES (por Chico Marques)

Nos cinco anos que antecederam “Thriller”, o clássico de Michael Jackson e Quincy Jones, reinava uma pluralidade musical notável nas cenas musicais pop do mundo inteiro. Podia qualquer coisa nas cenas pós-punk e no wave. Bastava ter talento e a bênção de algum produtor musical, e pronto: todos os caminhos estavam abertos.

Mas então veio 'Thriller", o LP que instituiu uma espécie de Idade Média na Indústria Fonográfica americana. E então, a partir dele, a própria Indústria começou a escantear qualquer manifestação artística que não fosse 100% integrada ao que então se considerava “mainstream”.

Hoje, temos uma cena musical bastante semelhante à que havia antes de "Thriller". Só que com uma variedade muito maior de manifestações, uma cena independente que não pára de crescer cada vez, facilidades antes inpensáveis para gravar e mixar um disco e novas “medias” que conseguem entregar o “produto” certo ao cliente certo.

Pouco a pouco, o ideal de mercado musical que existia naquela época – “um mar que não rejeita rio algum”, imagem forjada por Pete Townshend, do The Who, nos anos 1980 – virou realidade.

Sendo assim, nada mais justo que artistas que deram os primeiros passos em suas carreiras naquela momento já meio distante, possam desfrutar de uma situação confortável hoje.

É o caso dos nossos cinco errantes roqueiros navegantes desta semana:

Garland Jeffreys – mulato do Brooklyn apaixonado por blues e soul music, que descobriu o reggae acidentalmente numa academia de ginástica do bairro em 1969.

Willy DeVille – criatura bastante estranha dos subúrbios de Nova York, falecido recentemente, que mesclava a urgência do punk rock com serenatas soul com sotaque latino.

Alejandro Escovedo – punk rocker e poeta das ruas de San Francisco, Califórnia, que aos poucos se tornou um dos compositores mais contundentes da América.

Raul Malo – country-rocker de Miami, Florida, filho de cubanos e um dos artistas mais multifacetados que a cena musical americana já teve o prazer de conhecer.

Luka Bloom – folk singer irlandês nada ortodoxo, que ficou famoso por pegar um número do rapper L L Cool J. e transformá-lo numa bela balada folk.

Todos eles tem em comum o mesmo espírito aventureiro e a mesma atitude desalinhada

Pois estes são os mais novos trabalhos desses bravos desbravadores musicais.

Vamos a eles:



















GARLAND JEFFREYS

THE KING OF IN BETWEEN
A primeira vez que o mundo tomou conhecimento da existência de Garland Jeffreys foi no disco “Vintage Violence”, que John Cale gravou logo que saiu do Velvet Underground, em 1969. Jeffreys estava lá, cantando ao lado dele, e logo foi saudado como “the best next thing” e um dos tesouros musicais escondidos mais preciosos da Costa Leste americana. Demorou a ser contratado, pela Atlantic. E então, gravou um belo disco em 1972 com uma banda que trazia Dr. John e outros grande músicos, onde mapeava musicalmente a região do Brooklyn e do Queens, mesclando soul, rock and roll, reggae, canções hispânicas e outras sonoridades trazidas pelos novos habitantes desses bairros, que vinham de todos os cantos do mundo. Podia ter sido um triunfo. Mas, infelizmente, ninguém tomou o menor conhecimento, e o LP foi um fiasco de vendas. Jeffreys passou quatro anos no estaleiro tentando avaliar o que saiu errado, e então voltou à carga com um segundo disco certeiro, excelente, chamado “Ghost Writer”, onde retomava o mesmo projeto musical anterior, mas agora com o suporte jazzy da banda do guitarrista David Spinozza e alguns singles em potencial escondidos na cartola e nas mangas. Aí sim, funcionou. E o sucesso finalemente chegou. Mas infelizmente não durou muito -- apenas 3 ou 4 anos. Em meados dos anos 1980 – sem dúvida o períodos menos tenebroso da história da música pop -- , Jeffreys cansou de correr atrás de contratos e passou a gravar discos independentes, que vendiam muito pouco, e, por conta disso, ficaram cada vez mais espaçados. Para se ter uma idéia, “The King Of In Between” é seu primeiro trabalho em nada menos que 13 anos, e é excelente, vigoroso, repleto de composições que grudam no ouvido logo após a primeira audição e perfeito em todos os sentidos. Tem um dos boogies mais deliciosos que ouvi nos últimos anos – “Til John Lee Hooker Calls Me” --, a melhor homenagem à cidade de Nova York que ouvi neste novo Século – “Roller Coaster Town” – e também seqüências temáticas a seus números clássicos dos anos 70 ‘Wild In the Streets” -- “Streetwise”, malandra até dizer chega – e “”Ghost Writer” -- “The Contortionist”, quase uma autobiografia dos últimos 30 anos --, ambas magníficas. A não ser que Mr. Jeffreys seja um compositor muito pouco prolífico, não há justificativa para gravar assim tão pouco, e tão espaçado. Garland Jeffreys: por favor, não suma novamente. E agora chega, pois meus adjetivos acabaram.




















WILLY DEVILLE

COME A LITTLE BIT CLOSER – LIVE!
Por mais questionável que tenha sido o legado musical do punk rock nos Estados Unidos, não se pode negar que foi graças à efervescência da cena pós-punk que muitos artistas inclassificáveis ou difíceis de classificar conseguiram um merecido lugar ao sol na Indústria Fonográfica. Willy DeVille era uma deles. No comando do grupo Mink DeVille nos anos 1970 e 1980, ele mesclou um rock and roll pedestre e urgente com a soul music com sotaques latinos dos subúrbios de Nova York e Newark numa combinação que lembrava tanto Phil Spector quanto os emergentes conterrâneos Bruce Springsteen & The E Street Band e Southside Johnny & The Asbury Jukes. Mas Willy DeVille tinha um projeto de carreira bem mais complexo que isso. Depois de 10 anos à frente do Mink deVille, dissolveu a banda e seguiu para New Orleans para fazer investigações musicais no rhythm & blues do Deep South, em discos magníficos como “Loup Garou” -- que foram extremamente bem recebidos na Europa mas solenemente ignorados nos EUA. Mas isso não o desanimou. Mudou-se para Paris, passou a administrar sua carreira de lá, e tocou seu trabalho em frente, fazendo tournées memoráveis e gravando discos estranhos, difíceis, mas sempre inusitados e de altíssimo gabarito artístico. Desde sua morte ano retrasado, circulam rumores de que um grande número de gravações inéditas estaria sendo organizada para lançamento em discos futuros. Esse aqui, pelo visto, é o primeiro deles. É quase um The Best Of Willy DeVille gravado ao vivo, com releituras magníficas tanto para canções de todas as fases de sua carreira, como ‘Venus Of Avenue D”, ‘Spanish Stroll”, “Mixed Up Shook Up Girl” e “Just To Walk That Little Girl Home”. De surpreendente, uma releitura à moda de Phil Spector para “Slave To Love”, de Brian Ferry, e outra, estranhíssima -- em tom de salsa, simplesmente genial --, para a imortal “Hey Joe”. Quem não conhece Willy deVille, temem “Come A Little Bit Closer – Live!” um excelente ponto de partida para uma das figuras mais loucas e idiossincráticas da cena musical pop americana em todos os tempos. Para quem o conhece de longa data, é uma excelente oportunidade para matar a saudade. Da minha parte, não é pouca.




















ALEJANDRO ESCOVEDO

STREET SONGS OF LOVE
Há mais de 35 anos na cena musical da Costa Oeste americana à frente de bandas ótimas que nunca emplacaram direito -- Rank & File, True Belivers – ou apostando numa carreira solo que nunca decolou como merecia, tudo indica que Alejandro Escovedo finalmente achou seu Norte. “Street Songs Of Love” é seu segundo LP produzido pelo lendário Tony Visconti, ex-parceiro de David Bowie nos anos 1970, e mixado por Bob Clearmountain -- que souberam adequar aquela urgência roqueira “glam” dos discos clássicos de Bowie ao trabalho intenso e multifacetado de Escovedo, O resultado é vigoroso, sem dúvida um dos discos mais contundentes deste ano. O isso é surpreendente vindo de Escovedo, já que ele esteve à beira da morte dez anos atrás, por conta de uma hepatite C dignosticada e não tratada ao longo de 4 anos. Escovedo teve um colapso em pleno palco, em Phoenix, e teve sua carreira interrompida por um tratamento demorado, que foi totalmente bancado pelos amigos e admiradores, e que durou mais de dois anos – mas, felizmente, teve bons resultados. Desde que voltou à ativa, a temática habitual das canções de Escovedo ficou mais serena -- como “After The Meteor Showers” e “Shelling Rain” –, apesar de sua musicalidade estar mais turbulenta e agressiva do que jamais esteve – como comprovam “This Bed Is Getting Crowded” e “Anchor”. Enfim, Alejandro Escovedo é um grande talento. Está no melhor momento de sua carreira. Só nos resta torcer para que essa sua lua de mel com Tony Visconti e Bob Clearmountain emplaque outros discos tão superlativos quanto estes recentes “Real Animal” e “Street Songs Of Love”.




















RAUL MALO

SINNERS AND SAINTS
Se tem alguém hoje em dia na cena musical americana capaz de aglutinar gêneros musicais tão conflitantes quanto rockabilly, honky tonk, surf music, polka, tex-mex, salsa e country... esse alguém é Raul Malo. Ex-líder dos Mavericks, dono de um timbre vocal que lembra eventualmente Roy Orbison, e herdeiro do legado musical do “maestro” Doug Sahm – conhecido como o Count Basie do Tex-Mex --. Raul Malo nasceu em Miami, Florida, filho de pais cubanos, e tocou em tantas bandas de tantos gêneros diferentes que aprendeu a ver a música popular por uma ótica plural e totalmente pessoal. Esse seu sexto LP solo começou a ser gravado dois anos atrás em um estúdio caseiro em Nashville, Conforme as canções foram evoluindo, Malo sentiu que aquelas novas canções estavam brotando na cidade errada, e mudou de mala e cuia para Austin, Texas, onde uniu forças a craques como o lendário organista Augie Myers, o guitarrista Shawn Sahm (filho de Doug) e o grupo vocal feminino The Trishas. Foi aí que “Sinners and Saints” ganhou esse sotaque fronteiriço delicioso e esse colorido musical que ostenta. Não é exagero algum dizer que este é o melhor de todos os discos de Malo, incluindo os que fez com os Mavericks. E não há muito mais o que dizer. Escutem esse novo trabalho de Raul Malo e entendam porque não existem fronteiras musicais entre Estados Unidos, México e as sonoridades caribenhas. “Sinners and Saints” é tão bem resolvido que merecia tocar o dia inteiro como música ambiente na ONU. Quem sabe aquela gente aprende alguma coisa com esses músicos eternamente sorridentes.















LUKA BLOOM

2 METER SESSIONS
Luka Bloom nasceu na Irlanda e começou sua carreira em meados dos anos 1970 com seu nome verdadeiro, Barry Moore -- incentivado pelo irmão Christy Moore, que já era na ocasião um dos artistas folk mais respeitados da cena irlandesa. Mas, por algum motivo que nada tinha a ver com seu talento como cantor e compositor – provavelmente a sombra protetora e, ao mesmo tempo, incômoda de seu irmão mais famoso – sua carreira nunca sensibilizou muito os irlandeses. Então, a reboque do sucesso internacional do U2, ele deixou a Irlanda em 1987 e mudou seu nome artístico para Luka Bloom, para tentar a sorte na América. Gravou 3 discos para a Reprise Records que o projetaram como artista folk, mas acabou prisioneiro de um contrato leonino que o deixou 5 anos sem poder gravar. Curiosamente, do início dos anos 1990 em diante sua carreira finalmente decolou. Seus últimos discos -- “Tribe”, ‘Eleven Songs” e “Lost In America” – são triunfos artísticos inquestionáveis, bem recebidos por crítica e público no mundo inteiro. Esse novo “2 Meter Sessions” é um EP com 8 de suas canções gravadas ao vivo, sem banda, para um projeto da TV Dinamarquesa , que acaba de ser lançado somente para o mercado europeu. Para quem ainda não conhece o trabalho de Luka Bloom, serve como uma bela introdução aos múltiplos talentos desse eloqüente folk Singer irlandês. Para quem já conhece, vale como aperitivo até que ele nos brinde com seu próximo disco, quem sabe até o final deste ano.


DISCOGRAFIAS

LPs GARLAND JEFFREYS
Garland Jeffreys & Grinders Switch (1970)
Garland Jeffreys (1973)
Ghost Writer (1977)
American Boy & Girl (1978)
Escape Artist (1980)
Rock & Roll Adult (1981)
Guts For Love (1983)
Don´t Call me Buckwheat (1992)
Wildlife Dictionary (1997)
The King Of In Between (2011)

LPs WILLY DEVILLE
Cabretta (com Mink DeVille 1977)
Return To Magenta (com Mink DeVille 1978)
Le Chat Bleu (com Mink DeVille 1980)
Coup De Grace (com Mink DeVille 1981)
Where Angels Feat To Tread (com Mink DeVille 1983)
Sportin´ Life (com Mink DeVille 1985)
Miracle (com Mink DeVille 1987)
Victory Mixture (1990)
Willy DeVille Live (1993)
Backstreets Of Desire (1994)
Loup Garou (1996)
Live (1991)
Horse Of A Different Color (1991)
Acoustic Trio In Berlin (1993)
Crow Jane Alley (1994)
Pistola (2008)
Come A Little Bit Closer – Live! (2011)

LPs ALEJANDRO ESCOVEDO
Sundown (com Rank & File 1982)
Long Gone Dead (com Rank & File 1984)
Rank & File (com Rank & File 1985)
True Believers (com True Believers 1987)
Hard Road (com True Believers 1989)
Gravity (1992)
The End-Losing Your Touch (1994)
Thirteen Years (1994)
With These Hands (1996)
More Miles Than Money-Live! (1998)
Bourbonitis Blues (1999)
A Man Under The Influence (2001)
By The Hand Of the Father (2002)
Por Vida: A Tribute to Alejandro Escovedo (2004)
Room Of Songs (2005)
The Boxing Mirror (2006)
Real Animal (2008)
An Introduction To Alejandro Escovedo (2009)
Street Songs Of Love (2011)

LPs RAUL MALO
Mavericks (com Mavericks 1991)
From Hell To Paradise (com Mavericks 1992)
Cryin´ Shame (com Mavericks 1994)
Music For All Occasions (com Mavericks 1995)
Trampoline (com Mavericks 1998)
It´s Now! It´s Live! (com Mavericks 1998)
Live In Austin Texas (com Mavericks 2000)
Today (2001)
The Nashville Acoustic Sessions (2004)
You´re Only Lonely (2006)
After Hours (2007)
Marshmallow World & Holiday Favorites (2007)
Lucky One (2009)
Sinner & Saints (2011)

LPs LUKA BLOOM
The Barry Moore Years (1987)
Luka Bloom (1988)
Riverside (1990)
The Acoustic Motorbike (1992)
Turf (1994)
Salty Heaven (1999)
Keeper Of The Flame (2000)
Between The Mountain & The Moon (2002)
Amsterdam Live! (2003)
Before Sleep Comes (2004)
Innocence (2006)
Tribe (2007)
Eleven Songs (2008)
Dreams In America (2010)
2 Meter Sessions (2011)


PORTA-RETRATOS

“Não sou o tipo de compositor que escreva canções sobre garotas e carros. Meu tema é sempre como e onde eu fui criado, e como vivo hoje. Meu desafio é sempre achar uma maneira nova de traduzir isso em canções.” (Garland Jeffreys)

“O grande segredo na hora de gravar é saber a hora de parar. Tem momentos em que, se você entra na cabine novamente para refazer alguma passagem, ou para acrescentar alguma coisa, você mata a canção. Daí, é importante ter segurança e acreditar no que você fez. E tomar coragem para dar o assunto por encerrado.” (Willy DeVille)

“Bruce Springsteen sempre foi um grande amigo e um grande incentivador do meu trabalho. Há já uns bons anos, enquanto seu show não começa, ele sempre manda colocar meus cds para tocar para o público dele. Esse tipo de camaradagem é a cara dele.” (Alejandro Escovedo)

“Ouço de tudo desde pequeno. Adoro Elvis e Johnny Cash. Gosto muito de Luciano Pavarotti. Sempre ouço Etta James e James Brown. É muito raro eu calhar de não gostar de algum tipo de música.” (Raul Malo)

“É um grande privilégio poder compor canções e cantá-las para as pessoas. Tenho uma gratidão imensa por qualquer um que compre meus discos ou vá a meus shows. Nunca achei que merecesse receber mais crédito do público do que os que já tenho. O desafio agora é zelar pelos admiradores que já conquistei, e mantê-los interessados no que faço.” (Luka Bloom)

“Fico feliz quando acerto na mosca com minhas composições. Tempos atrás, conversando com meu amigo Graham Parker, ele disse: Puxa, Garland, aquela sua canção, “Matador”, é demais, simplesmente perfeita, talhada para o sucesso. Como eu queria ter escrito uma canção poderosa como essa. O diabo é que tem gente como Paul Simon que tem umas vinte dessas em seu curriculum.” (Garland Jeffreys)

“Adoro a música que faço e adoro sair em tournée. Quando sinto que consegui entrar na mesma sintonia da platéia, o prazer que sinto é indescritível. Eu me considero um cara de sorte. Faço só o que gosto. Pouca gente no mundo inteiro conta com esse privilégio.” (Willy DeVille)

“Meus pais contribuiram bastante para a cena musical americana. Meus irmãos Coke e Pete são muito conhecidos por terem participado das melhores formações da banda de Carlos Santana. Eu, que sou o mais novo, já estou na cena há 35 anos. Somos quase um clã musical. Para mim, é motivo de muito orgulho carregar o nome Escovedo.” (Alejandro Escovedo)

“Música é um negócio muito incerto. É preciso gostar muito de fazer música para poder encarar o meio musical. Ou você ama muito o que você está fazendo, e confia no seu taco -- torcendo para que dê tudo certo no final e o público responda positivamente ao que você realizou --, ou então é melhor mudar de ramo.” (Raul Malo)

“Luka eu tirei da canção de minha amiga Suzanne Vega. Bloom, eu tirei do personagem de James Joyce. Como eu estava vindo de Dublin para Nova York para recomeçar minha carreira, achei que seria boa idéia adotar um novo nome artístico que fizesse a ponte entre essas duas cidades.” (Luka Bloom)


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