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terça-feira, abril 12, 2011

EDIE BRICKELL E PAUL SIMON CELEBRAM A VIDA E O AMOR NO MELHOR MOMENTO DE SUAS CARREIRAS (por Chico Marques)


Paul Simon e Edie Brickell são artistas pop de gerações, backgrounds e naturezas muito diferentes. Como eles se encontraram é quase um mistério. Como permanecem juntos há quase 20 anos, um mistério maior ainda. Felizmente, essas coisas são assim mesmo, não obedecem nenhuma regra. Simplesmente funcionam, ou não. O ato de compor canções segue uma lógica bem semelhante. Impossível explicar porque uma determinada canção cai no gosto do público e outra não. E nesse assunto, os dois são craques absolutos.

Paul Simon nasceu em Newark, New Jersey, mas foi criado em Queens, na cidade de Nova York. Na adolescência, queria ser Phil ou Don Everly -- dos Everly Brothers, seus heróis musicais. Na escola, conheceu seu futuro parceiro e amigo Art Garfunkel. Pouco a pouco, descobriu que os dois poderiam seguir a trilha dos Everlys e tentar a sorte do outro lado do rio, em Manhattan. Com Garfunkel, Simon descobriu a América e toda a sua musicalidade. Mais adiante, sem Garfunkel, ele ganhou o mundo, e incorporou tudo o que ouviu em suas andanças na sua música, criando uma sequência incomparável de LPs.

Edie Brickell nasceu há 45 anos em Dallas, Texas. Desde cedo quis ser cantora, compositora e band leader, como Rickie Lee Jones e Laura Nyro. Sonhava com a leveza impossível das planícies no inesgotável céu azul do Estado da Estrela Solitária. Com uma banda de amigos -- The New Bohemians – e canções suaves e desencanadas, Edie alcançou o estrelato já em seu LP de estréia, 22 anos atrás --só que, infelizmente, a banda não resistiu às críticas negativas ao segundo LP, e se desmantelou. Edie casou e teve dois filhos com Paul Simon, e daí em diante optou por uma musicalidade mais doméstica. Deixou as tournées um pouco de lado, se afastou do mainstream musical e passou a gravar discos cada vez mais espaçados um do outro.


Seu mais novo trabalho, “Edie Brickell 2011”, é um achado. À primeira audição, parece um “mais do mesmo” maturado, com as melodias pegajosas habituais e um senso pop típico de quem domina o idioma à perfeição. Mas o caso é que esse novo trabalho tem um alcance muito maior e uma levada muito mais poderosa do que aparenta. Alternando flertes com a leveza cotidiana (“Give It Another Day”), climas docemente obsessivos (“You Come Back”) e reflexões mais densas (“Bad Way”), temos aqui uma Edie Brickell menos turbulenta do que em "Volcano" (2003), mas que esbanja a mesma jovialidade e vigor de seu início de carreira. Gravado ao longo dos últimos 3 anos, “Edie Brickell 2011” é surpreendentemente coeso, e foge do encadeamento óbvio da primeira à última faixa. É a melhor e mais ensolarada de suas coleções de canções -- quase todas cativantes, do tipo que dá vontade de cantar junto já na segunda audição.


Já o novo LP de Simon, “So Beautiful or So What”, parece à primeira audição mais uma coleção de belas canções como tantas outras que ele e Phil Ramone produziram nas últimas décadas. O dado curioso é que, ao mesmo tempo em que tratam de temas pouco mundanos, essas novas canções possuem uma urgência incomum em sua obra. Aos 70 anos de idade, Simon não parece estar disposto a perder tempo desenvolvendo projetos conceituais, até porque não tem mais nada a provar a quem quer que seja. Fala de amor em vários tons diferentes (“Love and Hard Times”, “Love Is Eternal Sacred Light” e “Love and Blessings”), flerta com a morte de forma serena (“Questions For The Angels”) ou irônica (“The Afterlife”), e surpreende com 'Amulet", um tema instrumental belíssimo. “So Beautiful or So What" não tem a preocupação de estar em sintonia com sonoridades mais atuais -- como aconteceu com seu disco anterior, "Surprise". É um LP que já nasceu atemporal. E que funciona quase uma panorâmica por várias estradas musicais onde Simon passou ao longo de seus quase 50 anos de carreira.

Esses últimos LPs do casal Paul Simon e Edie Brickell tem mais em comum do que aparentam à primeira vista. O sunshine pop rasgado de Edie vem ganhando soluções cada vez mais complexas, um pouco semelhantes às que Simon utiliza, mas não tão cerebrais quanto as dele. Já as canções de Simon parecem cada vez menos obsessivas no que diz respeito à perfeição formal, e mais soltas e reflexivas, como as de Edie. É como se, através de suas canções, os dois tivessem firmado uma espécie de pacto com a leveza e o descompromisso, ou coisa que o valha, e só quisessem, de agora em diante, saudar e celebrar a vida que possuem pela frente.

Enfim, nada como dois belos discos de Primavera capazes de desanuviar qualquer Outono chuvoso.





HIGHLIGHTS
EDIE BRICKELL - "EDIE BRICKELL 2011"





HIGHLIGHTS
PAUL SIMON - "SO BEAUTIFUL OR SO WHAT"







ENTREVISTA
PAUL SIMON


SENHORAS E SENHORES... PAUL SIMON


“Não tenho a menor paciência com a “ética do rock and roll”. Tenho horror a essa coisa deliberadamente não-sofisticada, não-intelectual, e pretensamente de classe operária.”

“Para mim, um artista é alguém que pega elementos de sua vida e os coloca num contexto que permita a outras pessoas identificar esses elementos como sendo de suas vidas também.”



“Quando estou compondo, abro meu coração o máximo possível. Mas tomo alguns cuidados para não ficar sentimental durante o processo. A coisa toda funciona mais ou menos como uma revelação. Quando dá certo, é porque você produziu no ouvinte uma sensação que pode ser catártica. Mas quando dá errado, é sempre muito doloroso.”



"Conheci Art Garfunkel na escola ainda menino. Éramos inseparáveis. Atuamos juntos em “Alice no País das Maravilhas”. Ele era o Gato Sorridente. Eu, o Coelho Branco. Passamos bons e maus momentos juntos, e permanecemos amigos até hoje. Muita gente acha que “So Long Frank Lloyd Wright” é uma canção sobre Frank Lloyd Wright. Na verdade, é sobre Art. Ele estudou Arquitetura antes de cantar profissionalmente. Eu a compus quando constatei que “Bridge Over Troubled Water” seria o último LP de estúdio que faríamos juntos."



"Duas coisas me despertam euforia. Uma delas é o período de tempo em que estou totalmente absorvido pelo ato sexual. Outra é quando consigo criar alguma coisa que mexa comigo, quando passo a ser a platéia da minha própria criação, e me sinto satisfeito. Se isso fosse uma droga, e eu pudesse comprá-la, com certeza gastaria todo o meu dinheiro nela."




"Admiro muito Woody Allen. Sua tenacidade, seu talento, sua integridade. Mas se tivesse que escolher um herói pessoal, escolheria John Cheever. Em seus contos, ele criou um universo distante do meu, no qual sempre me senti muito à vontade."





LPs COM ART GARFUNKEL
Wednesday Morning, 3 AM (1964)
Sounds of Silence (1966)
Parsley, Sage, Rosemary and Thyme (1966)
The Graduate (1968)
Bookends (1968)
Bridge Over Troubled Water (1970)
The Concert in Central Park (1982)
Live from New York City, 1967 (2002)
In Concert (2004)
Old Friends: Live on Stage (2004)

LPs SOLO

The Paul Simon Songbook (1965)
Paul Simon (1972)
There Goes Rhymin' Simon (1973)
Paul Simon in Concert: Live Rhymin' (1974)
Still Crazy After All These Years (1975)
One-Trick Pony (1980)
Hearts and Bones (1983)
Graceland (1986)
The Rhythm of the Saints (1990)
Concert in the Park (1991)
Songs from The Capeman (1997)
You're the One (2000)
Surprise (2006)
So Beautiful or So What (2011)

WEBSITE OFICIAL
http://www.paulsimon.com/