sábado, junho 16, 2012

DIÁRIO DE BORDO - SANTOS JAZZ FESTIVAL - 15/06/2012 - PRIMEIRO DIA DA MARATONA DE SHOWS


Depois da abertura espetacular de quinta à noite, com Hermeto Pascoal interagindo de forma completamente inusitada com a Orquestra Sinfônica de Santos e com a Jazz Big Band, chegou a hora  do Santos Jazz Festival sair para a rua.

Um palco montado na Rua XV, no Centro Histórico da Cidade, em meio aos escritórios das tradicionalíssimas Comissionárias de Café, foi montado durante a semana para sediar os shows mais populares do Festival.

Paralelo a isso, um segundo palco foi projetado dentro da velha Bolsa do Café, onde hoje funciona o Museu do Café, para abrigar apresentações mais intimistas.


Pois foi justamente nesse palco que ocorreu a primeira apresentação do dia, bem ao meio dia:

O trio do saxofonista Maurício Fernandes -- excelente músico local, hábil tanto no tenor quanto no alto, no barítono e no soprano, e fortemente influenciado por John Coltrane e Wayne Shorter -- recebeu como convidada a vigorosa cantora veterana Deborah Tarquínio, e juntos promoveram releituras intensas para "The Look Of Love", "This Masquerade" e "Speak Low", entre outras, emocionando várias pessoas que passavam por alí em horário de almoço.



Mais para o final da tarde, no mesmo palco da velha Bolsa do Café, a trinca de guitarristas do Cor das Cordas brilhou com seu repertório de canções próprias alternadas com releituras inspiradíssimas de clássicos de Tom Jobim, Toninho Horta e tantos outros, estendendo o tapete para todas as atrações que viriam a seguir na Rua XV, no quarteirão seguinte, bem na esquina com a Rua do Comércio.

O Palco da Rua XV recebeu sua primeira atração às 18 horas.




Izzy Gordon e seu pai Dave Gordon ganharam com simpatia o público que saía do trabalho e seguia para a happy hour, passeando num repertório variado que incluia pérolas dos repertórios das carreiras tanto de um quanto do outro, vez ou outra embarcando em duetos muito aplaudidos por todos os presentes.

Izzy, para quem não sabe, é sobrinha de Dolores Duran por parte de mãe, e vem resgatado seu repertório de forma muito original nos últimos anos, dando a ele uma roupagem modernosa e, ao mesmo tempo, atemporal.

Logo a seguir, o excelente pianista santista Hildebrando Brasil e o magnífico trombonista Bocato uniram forças ao quarteto de Zé Simonian e promoveram uma brincadeira musical bem brasileira e extremamente bem humorada.

Hildebrando, com seu toque bluesy, e Bocato, com sua atitude musical 100% iconoclata, trouxeram para as misturas musicais bem brasileiras de Simonian um toque ecumênico, que acabou resultando numa performance surpreendente para todos que, assim como eu, nunca haviam imaginado essas grandes figuras dividindo um mesmo palco. 


E então, por volta das 21 horas, chegou a vez da banda dos filhos do saudoso maestro Paulo César Willcox subir ao palco.

Comandada pela sempre exuberante cantora Kika Willcox, a Família Willcox e Convidados desfilou um repertório pop contemporâneo de extremo bom gosto, alternado com clássicos do jazz e do blues.

Kika, claro, mostrou mais uma vez porque é uma das cantoras mais versáteis e festejadas da cena paulista atual. 



A performance de Kika foi seguida pela entrada em cena do guitarrista mais rápido do Sudeste, nosso Billy The Kid do blues-rock Mauro Hector.

E Mauro, à frente de seu ótimo trio -- Ricardo Bocate no baixo de 5 cordas e Alexandre Faccas na bateria --, mostrou mais uma vez todo o seu gabarito musical e levou a platéia ao delírio com seus solos frenéticos e intermináveis.

Seus velhos fãs do power trio Druídas saíram satisfeitíssimos com sua performance.



Para encerrar a noite, o filho pródigo Arismar do Espírito Santo, santista da gema, baixista e multi-instrumentista de renome internacional -- que veio acompanhado dessa vez apenas pelo baterista Cléber Almeida e pelo espetacular saxofonista Vinícius Dorin --, aproveitou a deixa para apresentar as canções de seu novo disco: “Alegria nos Dedos”, em que mistura samba, valsa, choro, baião, afoxé e choro com seu jazz fusion personalíssimo.

Já eram quase 2 da manhã quando o "gigante gentil" Arismar, depois de quebrar tudo com seu bom e velho Fender Jazz Bass, finalmente deu seu show por encerrado e desceu do palco para conversar com alguns amigos de muitos anos lá da Rua Maranhão, no bairro santista do José Menino, onde foi criado e onde começou a se interessar por música no final dos anos 60. Tempos distantes, que sempre ressurgem de forma intensa em ocasiões como essas -- e que voltaram em grande estilo nessa noite de sexta no Santos Jazz Festival.

Amanhã (sábado) tem mais.



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