terça-feira, maio 15, 2012

PREPAREM-SE PARA MAIS UMA GUITARRADA ESPETACULAR DE SANTANA EM "SHAPE SHIFTER"



Tenho muito carinho e admiração por Carlos Santana.

Que não tem?

É um grande cara e um guitarrista magnífico, eloqüente como poucos -- mas subestimado pela crítica e também por muitos jazzistas por ter dedicado tempo demais de sua longa carreira ao rock e ao pop.

O caso é que Carlos Santana está chegando aos 50 anos de carreira em grande forma.

Dono de uma história gloriosa que começa em 1962, quando chega do Mexico a San Francisco, California, onde já começa a tocar profissionalmente com seus irmãos, apesar de ter apenas 14 anos de idade, Carlos pulou de banda em banda até finalmente montar a primeira encarnação do Santana em 1966.

Daí em diante, todo mundo sabe o que aconteceu. Do sucesso em Woodstock em 1969 ao estrelato com discos magníficos como "Abraxas", "Batuka" e "Caravanserai", Carlos Santana comandou um time estelar de músicos latinos e negros sem igual no rock, no pop ou em qualquer gênero musical.


Depois de oscilar entre o pop e o jazz nos anos 80 e 90 numa discografia um pouco confusa, Santana deu a sorte de emplacar um dos últimos blockbusters da Indústria Fonográfica – “Supernatural”, de 1999, com mais de 25 milhões de cópias vendidas no mundo inteiro, o primeiro de uma trinca de cds com convidados ilustres lançados nos últimos anos pela Arista Records de seu amigo Clive Davies.

Para Santana, foi uma grata surpresa. Ele estava fora da cena mainstream e, de repente, ganha 8 Grammies, 15 discos de platina, volta em grande estilo ao megaestrelato e ainda leva para casa uma grana preta. Quem nao queria estar no lugar dele? 

Boa pergunta. O caso é que o formato engessado deses discos e dos shows que se seguiram a eles estava começando a cansar, e ele estava ficando de saco cheio daquilo tudo, morrendo de saudades de sua carreira regular, focada no seu trabalho com sua banda. Devia ser realmente muito chato ter que se aborrecer com o assédio dos produtores dos muitos artistas duvidosos que eram convidados para participar de seus discos.

O fundo do poço para Carlos Santana foi um projeto medonho chamado "Guitar Heaven", lançado 3 anos atrás, onde o escalaram para regravar números clássicos de rock dos anos setenta com um monte de convidados. As bases já estavam prontas, ele só teve que chegar com a sua guitarra e entrar com os solos, nada mais.

O disco foi lançado, revelou-se rapidamente um fiasco retumbante, e deu a Santana o pretexto que ele precisava para começar a recusar projetos como esse e retomar sua carreira solo com independência artística e sem interferências desagradáveis de executivos sabichões.


“Shape Shifter”, seu mais novo trabalho, é o resultado dessa tomada de posição e um verdadeiro choque qualitativo em sua carreira. 

É um álbum essencialmente instrumental, com temas de naturezas bem variadas, onde ele passeia com sua guitarra e com os músicos de sua banda pelos mais diversos gêneros musicais, sempre com muita destreza e muita delicadeza, como não podia deixar de ser.

O conjunto de "Shape Drifter" funciona bem, mas é meio irregular.  Alguns dos temas -- como ‘Angelica Faith” e “Metatron” -- são apenas triviais e simpáticos, enquanto outros mergulham em águas bem mais profundas -- como “Nomad, “Dom” e a belíssima faixa título do disco.

Se bem que a coisa fica boa mesmo a partir de “Macumba Im Budapest” quando a alma latina de Carlos Santana explode numa sequência espetacular de números muito ritmados, que ainda inclui “Mr. Szabo”, homenagem ao grande guitarrista e amigo Gabor Szabo, e a salsa magnífica “Eres La Luz”, que conta com participação vocal de Andy Vargas e Tony Lindsay.
Santana encerra “Shape Shifter” com dois números conhecidos de seus shows ao vivo que, por uma série de motivos, não couberam nos seus últimos discos: o lindíssimo bolero “Canela” e a desconcertante “Ah, Sweet Dancer”, compostas em parceria com seu talentoso filho pianista Salvador Santana. 


Depois de ouvir "Shape Shifter", fica a sensação clara de que esse era o disco que Santana queria fazer há muito tempo, e não conseguia.

Por alguma razão, Santana sempre fez questão de separar seus discos de banda – que assinava como Santana – de seus discos solo, quase sempre instrumentais -- que assinava como Devadip Carlos Santana, ou simplesmente Carlos Santana.

Este é um disco de Carlos Santana solo, bem pessoal e autoral, mas com o vigor e a marca registrada de sua banda de estrada, o que nos leva a crer que ele finalmente achou um jeito de unificar essas duas vertentes de sua carreira.

Aqui -- assim como em seus melhores discos -- os tradicionais exageros de Santana na guitarra fazem todo o sentido do mundo. Sua música continua tão exuberante que não tem tempo de ser elegante.

(Quer guitarras elegantes? Ouça George Benson ou Earl Klugh...)



INFO:
 http://www.allmusic.com/artist/carlos-santana-p195903/biography
http://www.allmusic.com/artist/santana-p13645/biography

DISCOGRAFIA:
 http://www.allmusic.com/artist/carlos-santana-p195903/discography
 http://www.allmusic.com/artist/santana-p13645/discography

WEBSITE OFICIAL:
http://www.santana.com/

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